Com o crescimento do uso de grandes modelos de IA, como o GPT-4, os impactos ambientais estão se tornando cada vez mais evidentes. Um novo estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos revelou que cada vez que um chatbot processa uma consulta, ele realiza milhares de cálculos que geram muito calor. Para manter os servidores funcionando em condições adequadas, data centers ao redor do mundo dependem de sistemas de resfriamento que utilizam grandes volumes de água: para gerar 100 palavras, o GPT-4 consome aproximadamente até três garrafas de água -1.500 ml ( em Washington). Já no Texas, foi registrado o menor consumo, com a IA usando 235 ml para criar um e-mail com 100 palavras.
Isso ocorre porque os servidores que processam essas informações precisam ser resfriados constantemente, o que demanda grandes quantidades de água, especialmente em data centers localizados em áreas mais quentes.
Essa demanda por água, essencial para o resfriamento dos equipamentos, está sendo cada vez mais questionada, especialmente em regiões onde a escassez de recursos naturais é uma preocupação crescente. Além da água, o consumo de eletricidade também é significativo, agravando o impacto ambiental dessas tecnologias.
Esse consumo pode parecer pequeno isoladamente, mas, em escala, o impacto é impressionante. Se 10% dos trabalhadores americanos usassem esse sistema semanalmente, a quantidade de água consumida ao longo de um ano seria de 435 milhões de litros, o suficiente para abastecer todas as famílias de Rhode Island por 1,5 dias. Além disso, o uso de eletricidade também é significativo, com cada e-mail de 100 palavras gerado consumindo 0,14 kWh de energia, o que corresponde a manter 14 lâmpadas LED acesas por uma hora.
Estima-se que o bot da OpenAI gaste pelo menos 500 mil kWh de energia para responder 200 milhões de solicitações a cada dia.Esse total equivale a quase 17 mil vezes mais do que o gasto da média das residências nos Estados Unidos, no mesmo período.
Esses números destacam a pressão que o uso de IA coloca sobre recursos naturais, especialmente em regiões onde a água é escassa. Cidades como West Des Moines, Iowa, onde empresas como Microsoft têm grandes instalações de data centers, já estão enfrentando os impactos diretos, com esses centros consumindo até 6% de toda a água do distrito. Em Oregon, a Google foi forçada a revelar que seus data centers em The Dalles utilizam quase um quarto da água da cidade, levantando preocupações locais.
O treinamento de modelos de IA também gera uma demanda extraordinária por recursos. O processo de treinamento do GPT-3, por exemplo, consumiu 700 mil litros de água, o equivalente ao necessário para produzir 45 quilos de carne bovina. Empresas como Microsoft e Google prometeram adotar métodos mais sustentáveis para resfriar seus data centers, mas os desafios para reduzir o consumo de recursos permanecem enormes.
Grandes empresas de tecnologia fizeram inúmeras promessas para tornar seus data centers mais verdes usando novos métodos de resfriamento.
Estudos como este destacam a necessidade urgente de soluções mais sustentáveis, como a adoção de novas tecnologias de resfriamento que não dependam tanto de água. Empresas como Microsoft e Google estão cientes dessas questões e buscam alternativas, mas a implementação de tais mudanças ainda está em estágios iniciais.
Informações de Washington Post
Foto de Emiliano Vittoriosi na Unsplash