A inteligência artificial (IA) está na pauta de várias empresas pelo mundo. Arrisco dizer que quase 100% das grandes empresas está de olho nela desde que o ChatGPT ganhou força e conquistou milhares de pessoas. Hoje, está difícil encontrar algo que essa ferramenta não possa fazer. Por exemplo, este artigo foi escrito à mão e, depois, com um prompt simples, foi traduzido para o digital. Ajustei, pedi para o ChatGPT corrigir e você está lendo agora. Este é um pequeno exemplo do que a inteligência artificial pode fazer pelo marketing em geral, não só no Brasil, mas no mundo.
O futuro da publicidade com a IA generativa – usada para criar novos conteúdos, como texto, imagens, música, áudio e vídeos – é mais do que certo. Não temos como mudar isso; é uma evolução no mundo que ninguém pode controlar, assim como foi com os sites, redes sociais, e-mails, varejo online e smartphones. A IA tem a vantagem de ser usada em tudo isso e muito mais.
“O mundo mudou” talvez seja a frase mais usada em palestras e eventos, mas ao mesmo tempo a menos aplicada no dia a dia das empresas. Não é raro uma ideia inovadora ser barrada pela alta burocracia que as empresas possuem, com a necessidade de falar com várias pessoas para aprovar, às vezes, um simples post. O mundo está mais tecnológico e rápido, mudando mais rapidamente do que uma empresa decide se vai ou não inovar em um produto, serviço ou mesmo comunicação.
No campo da comunicação, onde vamos focar este artigo, a maneira como as marcas se comunicam com os consumidores e como as campanhas publicitárias são criadas precisa ser mais ágil, pois o consumidor está mais rápido. É aquela história: as marcas andam de carro 1.0, enquanto o consumidor está de Lamborghini. As startups já perceberam isso, e não é à toa que muitas delas estão incomodando gigantes. O setor bancário, com Nubank e C6Bank, é o exemplo mais claro, mas não o único.
Muitos criativos estão com medo de perder seus empregos com a IA generativa, mas uma coisa posso dizer: a máquina ajuda, ela não substitui o talento e as pessoas boas; as medíocres são facilmente trocadas. A diferença entre o excelente profissional e o medíocre cabe ao próprio profissional decidir. Aqueles que estudam, leem, se interessam e vestem a camisa saem na frente daqueles que acham que fazer post no Instagram resolve os problemas do mundo.
A IA generativa pode criar conteúdo publicitário de forma automática, desde textos para anúncios até vídeos e imagens, além de textos convincentes e imagens de alta qualidade. Isso significa que as campanhas publicitárias podem ser produzidas mais rapidamente e em escala, com personalização para diferentes públicos-alvo. Ou seja, é possível ser mais ágil que a concorrência. No entanto, para isso, a alta gestão da marca precisa parar de achar que a roupa da modelo está um tom de azul menor do que gostaria. A provocação aqui é essa: não adianta falar de IA e continuar com a burocracia dos anos 80.
Muito se fala da personalização. Diversas pesquisas mostram que as pessoas gostam de receber mensagens que entendem ser direcionadas para elas. Isso é um fato! Eu, como São Paulino, quero receber no meu Instagram uma promoção de uma nova camisa do SPFC, tamanho GG, que não seja a branca, pois já a tenho. E você? Pois é, essa agilidade pode ser ainda maior com a IA generativa. Com ela, é possível a personalização em massa, onde anúncios podem ser adaptados em tempo real para atender aos interesses e comportamentos individuais dos consumidores, tudo com base nos dados coletados de diversos canais.
Sabe como a IA sabe que eu tenho a camisa branca do SPFC da New Balance? Porque eu postei uma foto minha com essa camisa no meu Instagram, Twitter, Facebook e Threads. E sabe como a IA sabe o time que eu torço? Porque eu sigo 54 grupos de Facebook sobre o time. Fica fácil criar uma campanha para mim, né? Agora imagine quantos “Felipes” há pelo mundo que deixam tantos rastros digitais como eu. A IA está ajudando as marcas a entender mais sobre o perfil das pessoas e, com isso, gerar variações de anúncios que ressoem melhor com diferentes segmentos de audiência, aumentando a relevância e a eficácia das campanhas.
Imagine eu passeando pelo Shopping Ibirapuera. Sempre que vou, passo pela loja SP Mania para ver as novidades do meu time. E se a IA criar uma campanha com geolocalização e me oferecer 10% de desconto no moletom que vi no dia anterior, que cheguei a colocar no carrinho mas não comprei? Pois é, isso já é possível desde 2010, que eu me lembre. Mas sabe quantas vezes fui impactado com isso? Nunca. E olha que existem diversas tecnologias dentro do conceito de omnichannel que poderiam ajudar.
Por fim, podemos falar de um conceito muito importante para o marketing: a experiência como o novo marketing. De fato, esse conceito faz muita diferença nas marcas. Apple, Starbucks, Mercedes e iFood não nos deixam mentir. E, de novo, integramos o omnichannel aqui, um conceito que eu gosto muito dentro da Transformação Digital, que para mim é a grande revolução do varejo nos últimos 20 anos, desde que a internet se popularizou.
As marcas podem criar experiências cada vez mais imersivas, até usando o Metaverso para isso, combinando IA generativa com tecnologias como realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR), ou a mista, que une as duas, criando experiências publicitárias imersivas e interativas. Por exemplo, anúncios que permitem aos usuários interagir com produtos em um ambiente virtual gerado por IA, seja no ponto físico, seja no site, no Metaverso ou em um vídeo ao vivo em uma Live Commerce da sua loja online favorita, outra tendência a crescer e ter a IA generativa como base para criar campanhas baseadas no comportamento das pessoas online, independentemente de estarem vendo no site, Instagram, TV ou YouTube. A experiência é o que conta.
Ufa! Joguei aqui um monte de tendências, ideias e estratégias digitais para você pensar na IA generativa. Que – pelo amor de Deus – fujam do simples criar uma arte e um texto na ferramenta para que seu dia seja mais produtivo, porque não será! A IA te dá caminhos, mas esperar que ela faça seu trabalho é querer ser um profissional medíocre. E você, que está sentado na cadeira de gestão da marca, bora agilizar as coisas? Se você não o fizer, seu concorrente o fará. Mas, se nenhum deles o fizer, vai surgir uma startup dentro de uma faculdade que fará. E aí, vale lembrar que riram do Yahoo! para o Google. O resto é história…