O Orkut, plataforma social que revolucionou a maneira como as pessoas se conectavam no início dos anos 2000, é até hoje lembrado como um espaço onde a autenticidade e as conexões reais eram valorizadas. “O Orkut brindava a gente com comunidades que a gente não tinha a menor vergonha de estar,” lembrou seu criador, destacando que as comunidades eram verdadeiros refúgios de expressão pessoal e sinceridade.
Com o passar dos anos, as redes sociais passaram por uma transformação drástica. A introdução de botões de engajamento, como os likes e retweets, trouxe consigo uma mudança na forma como os usuários interagem online. Segundo Orkut, essas funcionalidades alteraram profundamente a dinâmica das interações, priorizando números e métricas em detrimento de conexões significativas. “As redes sociais tinham um feed simples, um feed criado por conteúdo,” comentou, contrastando com o cenário atual, onde algoritmos de engajamento moldam o que as pessoas veem e compartilham.
Essa priorização pelo engajamento, muitas vezes, alimenta emoções negativas. Orkut destacou que “as emoções negativas, especialmente a fúria, eram as mais prováveis de serem compartilhadas,” criando um ambiente online que amplifica sentimentos de exclusão, isolamento e invisibilidade. A tecnologia, ao ser utilizada para maximizar o lucro e a atenção, contribuiu para a fragmentação social e divisões políticas, com consequências diretas na saúde mental dos usuários, especialmente dos mais jovens.
Estudos recentes mostram que o uso excessivo de mídias sociais está correlacionado com um aumento alarmante de problemas de saúde mental. Desde 2010, houve um crescimento de 145% em casos de depressão entre garotas e de 161% entre garotos. Além disso, a taxa de suicídio entre adolescentes em locais como Palo Alto, na Califórnia, foi quatro vezes maior do que a média nacional. “A comparação social causa sentimentos negativos como vergonha e depressão,” destacou Orkut, ressaltando como a pressão para se manter dentro de padrões idealizados nas redes sociais tem efeitos devastadores sobre a autoimagem e o bem-estar emocional dos jovens.
“A comparação social causa sentimentos negativos como vergonha e depressão”
Apesar dessas preocupações, Orkut acredita firmemente no potencial das redes sociais como uma força para o bem. “A tecnologia e a mídia social têm o poder de mudar nossas vidas para melhor,” afirmou, defendendo que as plataformas digitais podem, e devem, ser projetadas para promover empatia, amor e conexões genuínas. Para isso, é essencial que a autenticidade seja resgatada como um valor central nas interações online.
Orkut conclui que a vida é curta demais para ser vivida com medo de julgamentos. Ele encoraja todos a buscarem a autenticidade em suas interações, tanto online quanto offline, e a valorizarem a individualidade e a autoexpressão. “Quando você faz uma decisão, não siga o seu medo, siga o seu coração,” aconselhou, lembrando que as redes sociais podem ser uma ferramenta poderosa para unir pessoas e construir comunidades, desde que usadas de maneira consciente e com propósito.